quarta-feira, 31 de maio de 2006

a amoreira

Sou uma amoreira. Não sei dizer ao certo a minha idade, nem quem me plantou. Do meu passado mais remoto, tenho dificuldades em lembrar-me. No entanto, dos tempos mais recentes, lembro-me de uma menina. Não a via todos os dias... mas quase todos os fins-de-semana. Conheço-a desde que nasceu. Sei que por vezes dormiu aqui bem pertinho, e sempre que cá estava vinha-me fazer uma visita. Não importa quanto tempo passava comigo, só sei que nos sentíamos bem na companhia uma da outra. Nunca hei-de esquecer toda a curiosidade que existia naqueles olhos, a vontade de experimentar coisas novas, de explorar lugares onde nunca antes tinha estado. Por vezes aparecia aqui com ideias que me deixavam pensativa, mas depois, tudo acabava por servir para o fim que ela queria. Nunca mais conheci ninguém como ela. Sempre junto dos animais, a correr pelo campo, lendo um livro, ou mesmo subindo às árvores. Mas agora, pergunto-me o que será feito dessa menina. Sei que muitas coisas à minha volta mudaram, muitas delas, nunca mais voltarão a existir. No entanto, sei que a menina não desapareceu. Será a mesma que por aqui aparece de vez em quando? Há algumas parecenças nos olhos, mas não me parece a mesma... Menina, onde andas??? Se a virem por aí, relembrem-lhe o passado, e digam-lhe para vir falar comigo. Tenho saudades dessa menina!

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